sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O REINO DESENCANTADO DE KRÜMEL

O Reino Desencantado de Krümel é muito rico e habitado por muitas pessoas pobres governadas por um rei incompetente e generoso, conhecido como Benevolente I.
Devido a sua generosidade, grande parte da riqueza do seu reinado, entretanto, tem sido distribuída a invasores estrangeiros e saqueadores, e uma outra parte restante fica com alguns poucos nativos bajuladores, que acabam proprietários de quase tudo daquilo que sobra.
Esse reino ganhou fama também, por causa da festança desregrada, da corrupção e do hábito das autoridades que incorporaram o “dito pelo não dito”, como prática para azeitar o conhecido “jeitinho”, bastante comum no reino, que apesar do diminutivo da expressão, causa um estrago aumentativo na distribuição da renda à população, distanciando cada vez mais os ricos dos miseráveis.
Mesmo aqueles que têm quase tudo, por concessão do rei, é comum as práticas das falcatruas em detrimento de tantos outros cidadãos do reino.
Por ordem expressa do rei, influenciado sabe-se lá por quem, somente algumas pessoas podem aprender a ler e escrever.
Só há uma escola que presta, mas educação não é uma ação bem vista pela nobreza. O saber deve ser restrito a poucos habitantes do reino de Benevolente I.
No entanto há outros que preconizam um ensino de qualidade, mas esses são conhecidos como os “bobos da corte” e inapelavelmente são ignorados e tratados com indiferença e não dispõem de qualquer credibilidade. Assim ocorreu com o escritor, pesquisador e educador Sábio Fábio Águia Branca. De tanto exigir um ensino de qualidade para todos, foi colocado na masmorra e nunca mais se falou dele.
Já se falou e ainda fala dele em outros reinados, mas por aqui é dado como louco!
É do conhecimento de todos que o rei lê muito pouco, escreve mal e quando improvisa seus discursos é vexame na certa, esculhambando com o sentido de representação de um povo envergonhado.
Mas é o rei! E para reinar é necessário saber mandar e só!
Um lugar muito desejado pela corte são as arenas. Elas constituem palcos das lutas e jogos. Construídas com os impostos dos citadinos miseráveis, é comum serem destruídas para serem construídas de novo e muitas vezes demolidas para serem reerguidas. No Reino Desencantado de Krümel este episódio é conhecido como “legado”.
O rei e toda a sua corte adoram comparecer às arenas.
Por medida de segurança imperial, ficam sempre distantes dos olhares curiosos do povo.
Mas rei que se presa não olha para o lado, muito menos para baixo, e assim não vê os súditos famintos assentados nos degraus divisíveis da representação clássica da constatação do descaso, do desaviso de falência, dos remendos da postergação do óbvio, ludibriados em nome do amanhã, como se hoje não existisse.
Há muitas leis em Krümel. Aliás, tem lei para todos os lados. Há inúmeras leis para cumprir a própria lei. Difícil é torná-las possíveis, exceto àquelas dos direitos da corte e da expropriação dos cidadãos, afinal quem as escreve legisla infinitamente em causa própria e de alguns próximos.
E assim os distúrbios sociais persistem, mas imediatamente os mensageiros do reino levam notícias informando que o inimigo está sob controle e por isso mesmo, ainda não é a guerra e nem há razão para pânico, mas para muitos, é dada como certa.
A violência já não é algo tão destacado, não pelo fato da sua inexistência, mas, por ser tão corriqueira já não causa espanto.
Como numa estrada, as passagens nunca são iguais aos olhares. Assim pode-se acostumar com o cenário e nem perceber nos arredores os maltrapilhos amontoados.
E nesse panorama sombrio o rei continua soberano!
Mentiras que se transformam em verdades.
Verdades que se transformam em mentiras.
E a saga continua!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O XIS DA QUESTÃO

É sabido que o Brasil não conta com ensino de qualidade já faz tempo!
O nepotismo é praticado sem piedade, bordejando hora aqui hora acolá.
A louvação parece inflectir diante de tantos matreiros e odiosos.
O honesto, no revés da história se transforma em bobo da corte.
Por todas as esquinas e cruzamentos repulsa e indignação de uma população boquiaberta e no limiar da impaciência ciclônica.
O ENEM, não difere dos demais episódios lamentáveis da nossa realidade.
Corriqueiramente entre tantos episódios dantescos, banaliza-se o imenso transtorno que significa o acesso à universidade, vide os equívocos e trapalhadas que, aliás, não foram acontecimentos novos.
Torna-se então, piada de mau gosto na boca dos boateiros, o fato de que, quem comanda este evento seletivo são “marinheiros que não estão em primeira viagem”. Será verdade?
Do outro lado do picadeiro, melhor dizendo, dentro dele, estão os jovens, esperançosos por galgar novas oportunidades no ensino, mesmo que este esteja cambaleando e tropeçando nas próprias pernas. Famílias inteiras que optam, apesar de tanto apelo ao contrário, pela correção, pela ética, pelas regras democráticas do justo concurso ainda assim injusto, da seleção de alguns em detrimento de tantos que ficam pelo caminho.
Que a aplicação de uma prova para quase quatro milhões de pessoas é um evento complexo com dimensões continentais, isto ninguém duvida!
Exige naturalmente uma logística grandiosa com investimento altíssimo, que beira a casa dos 100 milhões de reais.
Mas a pergunta que fica é se também por aí há uma reedição das infindáveis situações e desacertos administrativos para não dizer, pelo menos equivocados, nas instituições gestoras da máquina governamental?
E o xis da questão é o fato de acostumarmos com este desolador cenário e não darmos a devida importância com o desfile que está diante dos nossos olhos contemplativos, condescendentes e descrentes com aquilo que se vê.
Grave, senão pior, são as notas risíveis e melodramáticas dos governantes. Repetitivos, metafóricos e a cada dia que passa, mais cansativos e muito distantes da mestria, que deveria ser o mínimo exigido para aqueles que se candidatam ao comando.
Já passou da hora de brincar de faz de contas. É chegada a hora, se já não é tarde demais para limpar a maquilagem da cara de pau!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O GRANDE CONFLITO DAS BANANAS

Confesso que já tive mais orgulho de ser uma banana.
Atualmente sou um (a) banana muito triste e impaciente. Dizem que sou forte e que valho pouco, no entanto.
Sou uma má companhia na concepção de muitos.
À noite então, todos me evitam. Vivem dizendo que não sirvo para nada e que minha presença acaba trazendo problemas à saúde dos demais.
Digo que as bananas têm uma característica curiosamente rara: não desistem facilmente, mesmo quando o cacho está preto!
Vivemos sempre em famílias numerosas, com muitos irmãos e apenas um coração.
Não podemos escolher como e onde nascermos, mas se pudéssemos seríamos maçãs, sempre bem vestidas e desejadas, que se orgulham da terra natal.
Majestosas, às vezes ácidas, vivem esnobando as primas mais pobres e até se dão ao luxo de escolherem roupas de várias cores.
Desdenham da gente, pois vivem no frio, e por isso têm o privilégio da relação com gente mais bem sucedida enquanto nós vivemos no calor entre os pobres.
Em nosso país, no entanto, verdade seja dita, muitas bananas se corromperam e vivem se metendo em encrencas, falcatruas e outras situações ainda mais esdrúxulas.
Verdadeiras “bananosas” que irremediavelmente acabam em pizza, inclusive de bananas!
E com isso, a nossa (des) união gera tantas bananadas que de tão vulgares, ganham-nas de brinde aos montes.
É uma grande avacalhação com algumas poucas bananas valorosas que não se corromperam.
E assim, vamos levando a vida de mansinho, como se nada estivesse acontecendo de pior.
Para piorar vivemos penduradas, em pencas e com a fragilidade do lugar constantemente caímos e rolamos morro abaixo.
Por isso mesmo deixamos de viver na cabeça de muita gente boa.
Tornamo-nos importantes por aqui, somente no período da colheita, de quatro em quatro anos.
Depois esquecidas, apodrecemos rapidamente e aí só mesmo nos fornos com as tortas.
Mas para as colheitas vindouras sempre haverá mais bananas, algumas verdes a bem da verdade.
Dizem que os bananas e as bananas, sem distinção de sexo, ainda serão importantes.
Constantemente quem elabora e defende esses conceitos são as bananas nanicas, nossas primas.
Meus ancestrais também acreditaram há séculos, mas até hoje, nada!
Continuamos bananas desvalorizadas por que damos em qualquer lugar e para qualquer um.
Pois essa é a nossa terra: a Fazenda Bananal Tropical.
Não é à toa que muitas bananas continuam fugindo, por não concordarem com tanta desconsideração, inclusive com as bananeiras. Quando velhas são nomeadas inúteis e cortadas impiedosamente.
E tem sido assim, sempre: carregamos o fardo de que quando alguém erra, foi devido a um escorregão logo em nossa casca inútil.
E a elite das frutas, em estado de graça, sorri da nossa desgraça.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O REINO DAS MARITACAS

Sou aquele que sempre soube que não sabia.
Estou conformado com a corrupção por toda parte.
E por mais que se fale, tenho lá minhas convicções de que a maior verdade é a mentira descabida de todo dia.
Não me considero um paliativo nem uma metáfora, mas penso que sou.
Faço parte da nação envergonhada de tanta falácia.
Sou o que desejam que eu seja e não me importo mais.
Sinto-me reverenciado pela elite dominante por fazer parte do grupo que não decifra.
Vivo a coação moral da miséria das almas escravas.
Tenho sido uma peça rejeitada pelo sistema, constantemente eliminada pelo controle de qualidade dos poderosos.
Fui alfabetizado e até leio, mas não compreendo.
Imagino o que precisaria para ser.
Não vivi a cidadania plena ainda, e nem sei se um dia poderei desfrutá-la.
Hoje, é o passado à minha porta.
Pois tudo é feito para o futuro.
Mas o futuro não me pertence.
Sou tratado como uma raridade inútil, pois valho somente um voto.
Vivo no Reino das Maritacas, onde os políticos são eleitos pelos seus feitos em arenas e picadeiros.
Sei muito bem, como maritaquense, as consequências da guerra.
Mesmo acuado vejo-a apenas na ficção, no faz de contas.
Sinto-me próximo dos altares e ainda assim, vejo sempre a dor e o sofrimento.
Frequento, sob suspeita do poder, os leitos lacrimais. São testemunhas, em absoluta solidão, da minha maior vergonha: o descaso das autoridades com o povo maritaquense.
Meu nome é Brasilino e ainda moro por aqui, mas não sei por quanto tempo mais!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O CÁRCERE E A LIBERDADE

Um poeta, certa vez, descreveu uma “Terra Azul” às crianças, tocando o coração dos jovens, acenando com a liberdade.
Sábio, fez ilimitada a luz aos adultos.
A mente incansável denunciou os abusos das ações de um Estado opressor.
O pão e o cálice ficavam adiados irremediavelmente!
Àqueles que se acovardaram, lutaste com dignidade, muitas vezes solitário, nas longínquas trincheiras de um país mergulhado nas trevas.
Nas casernas do ódio prevaleciam as botas sujas, enlameando e envergonhando os operários da democracia, implacavelmente perseguidos. Ainda assim perdoou seus algozes, ensinando-lhes a compaixão! Homem de alma grandiosa, generosa e musical!
Ópera magistral da tua simplicidade, de uma vida corajosa, destemida, visionária e confiante num país soberano.
Foste justo, verdadeiro, debruçado em livros, poético!
Tua caneta não terá sido em vão!



Para Waldyr Amaral Bedê.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

MORRER, RESSUSCITAR E MORRER DE NOVO?

O Brasil organizará quatro grandes eventos internacionais: Os Jogos Mundiais Militares em 2011; a Copa do Mundo de Futebol em 2014, os Jogos Olímpicos de 2016 e os Jogos Para-Olímpicos na cidade do Rio de Janeiro. Sem contar a Copa das Confederações, evento este que antecede a Copa do Mundo.
Fato é que o Brasil deverá se preparar para a realização de eventos de tamanha envergadura, com planejamento, infra-estrutura e cronograma impecáveis.
Precisará impreterivelmente, promover ações e políticas públicas para a participação de milhões de crianças e jovens em programas de desenvolvimento do esporte.
Definir – ou implementar, caso este modelo que aí está atenda, um programa curricular esportivo para as escolas entre as mais altas das prioridades.
A missão não é nada fácil, se observarmos o que temos atualmente e os desafios que se apresentam: obras monumentais, prazos, integração das diversas esferas governamentais, agilidade da máquina administrativa e o combate à corrupção.
Se também aprendemos com os erros, temos pela frente uma ótima oportunidade de respondermos com competência e determinação à comunidade internacional e à população brasileira em especial, que não se trata de mais uma brincadeira de “faz-de-conta”.
Constitui-se verdadeiramente numa grande chance, talvez única, para se provar que há neste país pessoas honestas, comprometidas com a nação, que sejam capazes de liderar esse grande mutirão com competência e seriedade, exterminando, vez por todas, com o estigma que já vem de longa data, o qual nos rotula exatamente do contrário!
Se conseguirmos, ótimo!
Sob hipótese inversa, o que faremos?

Paulo Celso Magalhães

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O CIRCO QUE NÃO ERA CIRCO

Cheguei em casa numa dessas quartas-feiras e liguei a televisão para (tentar) assistir a um jogo de futebol.
Como o jogo não estava me agradando, quase não prestava atenção ao evento.
Telefonei a um amigo distante, revi a agenda do dia seguinte, brinquei com minha filha e quando retornei à TV, lá estava o jogo!
Procurei em vão, encontrar outro programa.
Uma emissora transmitia a missa, outra um noticiário a respeito da interminável violência na cidade do Rio de Janeiro, uma outra mostrava um espetáculo de circo. Optei pelo circo! Fiquei por ali, atento e animado aguardando a sequência do “espetáculo”.
Ainda assim, nada agradava.
Voltei, por exclusiva falta de opção, ao jogo!
Por um instante, recordei um velho amigo, escritor, poeta, crítico e eventualmente (para não dizer quase sempre) embriagado, que disse certa vez, em sua soberba inteligência, que eu não sabia assistir a um jogo de futebol, e que, muito menos, entenderia do futebol, praticado atualmente nos campos por este Brasil afora. Insistia na ideia de que eu deveria acompanhar o evento (o jogo), sob um olhar mais lúdico, mais leve, mais compreensivo com aqueles pobres coitados e esforçados jogadores.
Certo ou errado, na lembrança de suas palavras –às vezes, candongas, voltei mais uma vez à telinha, um pouco ressabiado e mineiramente desconfiado!
A partir daquele instante não “arredei pé” da sala de TV nem por um instante sequer!
Minhas gargalhadas, censuradas algumas vezes, estavam a prejudicar o sagrado sono dos vizinhos, pois já era tarde da noite –os jogos de futebol às quartas-feiras começam às 22h!
Minha filha trouxe-me aos modos, primeiro pela barulhada e depois por não entender minha alegria, assistindo a um simples jogo de futebol.
Onde estaria a graça?
Mas era tão engraçado...
Diferente do canal do circo, ali sim, os artistas eram engraçados!
Usavam chuteiras de todas as cores. Realizavam piruetas e tombos espetaculares!
Muito melhor que qualquer programa de luta livre.
Alguns nem se maquiavam. Eram autênticos “caras-de-pau”. Faziam caretas divertidíssimas.
Tinha de tudo: comédia pastelão, apresentadores anunciando para um público no estádio nada esfuziante e muito reduzido. Socos, pontapés, correria no picadeiro e muitos e muitos palhaços para uma única bola. Coitada!
Cambalhotas, dancinhas e cusparadas aos montes...
Outros artistas no bizarro cenário estavam a levantar bandeiras e a soprar apito querendo organizar a festança.
Outros senhores vestidos a caráter, num calor insuportável, tentavam desesperadamente, não se sabe porque, transformar aquela comédia em alguma coisa séria.
No final do espetáculo, alguns palhaços tentaram dizer algo, tão cansados que ninguém compreendia suas palavras.
Havia também um outro artista, que confesso, não identifiquei sua função no show. Um cidadão que ficava atrás de uma linha branca gesticulando e gritando sem parar, sem que ninguém o escutasse ou se importasse.
O “respeitável público”, coitado, muito pequeno, em homenagem aos palhaços, atirava de tudo no picadeiro: pilhas, rádios, sapatos, moedas, chinelos, frutas, até uns saquinhos cheios de um líquido refrescante amarelado.
Mas faltava a cena derradeira do dono do circo, que estava ao microfone tentando explicar aquela palhaçada!
Desde então, seguindo o conselho do meu amigo, não perco mais nenhum espetáculo!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

“É preciso entender e aceitar que o ponteiro de minutos trabalhando, na aparência, sessenta vezes menos, colha os mesmos frutos e chegue aos mesmos resultados do ponteiro de segundos”.

Citação de Dom Helder Câmara no livro Meditações do Padre José, de 1980.
Homem de diálogo eloquente pautou sua vida em uma trajetória caracterizada pela postura serena, ágil, corajosa na luta pelos menos favorecidos em especial os jovens.
Segundo o escritor Ênio Silveira, “credita-se ao autor o fato de que a justiça e a paz são estabelecidas ao fim de tortuoso caminho, de longas marchas e contramarchas em que os homens se irão depurando dos ódios, das vaidades e dos preconceitos”.
Analisando os ponteiros a que se refere Câmara, um trabalha mais do que o outro, mesmo que obtendo o mesmo desempenho.
Por outro lado, o ponteiro que não precisou se esforçar sobremaneira, para produzir com a mesma eficácia pressupõe o quanto estava mais adequadamente preparado.
E a vida segue, como um relógio! Uns trabalham mais e produzem, outros trabalham menos, mas também produzem, alguns atrasam, outros estragam e há aqueles que param simplesmente.
No Brasil, ficou famosa a Lei de Gerson -- lei de artigo único, uma bonança para se levar vantagem em tudo. Mesmo num país em que há muitas leis, dentre as quais, poucas são cumpridas, a Lei de Gerson está a desfilar de braços dados com muita gente país afora, desafiando o tempo; quanto mais velha, melhor e mais adotada, consequentemente praticada rotineiramente.
É cumprida ao “pé da letra”.
Sua versão final ficou assim: “tire proveito de tudo o que puder, pense somente em você mesmo e esqueça o resto”.
Sarcasticamente, é muito praticada no país.
Pode parecer surreal, mas esta lei pode até provocar incredulidade no leitor, pois há inúmeros eventos que a evocam nas mais diversas pautas, mas acredite, é real!
E não é por menos que os mesmos personagens que festejaram a realização dos Jogos Pan-Americanos no Rio em 2007 estão eufóricos com a realização da Copa de 2014.
Como os ponteiros do relógio do poema ou sob a mancha do aríete ou tuteladas pela Lei de Gerson, em algumas ações, o governo trabalha rápido. Se, preciso for, cria medidas provisórias, fura fila no BNDES para agilizar financiamentos, elabora pacotes de benefícios, com a perspicácia de transformar tudo isso num grande evento político.
Buscar uma razão plausível para o descaso com a educação, é a mais corriqueira das sínteses. Como um relógio velho, está jogada num canto qualquer. Seria medo?
Segundo Rubem Alves, “o medo não é uma perturbação psicológica. Ele é parte da nossa própria alma. O que é decisivo é se o medo nos faz rastejar ou se ele nos faz voar. Quem, por causa do medo, se encolhe e rasteja, vive a morte na própria vida”.
Moribundos na mesma Unidade de Terapia Intensiva encontram-se, a Educação, o Respeito, a Transparência – essa então, internada já faz tempo, a Ética, a Vergonha, entre outros. Estão todos lá, pouco visitados! Recentemente chegou uma outra paciente terminal. Por ordem médica, não poderá ter seu nome divulgado, para não criar muito constrangimento. Suspeita-se que seja a Verdade.
Para alegrar o povo e muito mais quem a organiza, vem aí mais uma Copa. E será no Brasil!
Até 2014 não se falará de outra coisa. O restante torna-se de pouca importância. Digo pouca, por ser otimista! Resta saber se os pacientes sobreviverão por tanto tempo.
Os relógios já registram a contagem regressiva para o seu início, que de fato, já começou pelo menos na falação das autoridades. E só!
O que não começou até agora é a ação que se aguarda corajosa dos governantes de tocarem no cerne de uma questão relacionada à soberania nacional: a melhoria radical da qualidade da educação no Brasil!
Mas isso passa muito longe das Copas, não é mesmo?

Paulo Celso Magalhães

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

TRANSPARÊNCIA. (A GLASNOST NÃO ESTÁ FORA DE MODA)

Há um clima de despreocupação injustificado no controle da responsabilidade e o combate à corrupção, à especulação e o descuido com as verbas públicas no Brasil.
Na solenidade de liberação de verba para a Copa de 2014 o presidente Lula comentou que “é muito importante o que vocês assinaram, para a gente não repetir os Jogos Pan-Americanos. O que aconteceu é que estava previsto para o Governo Federal investir R$ 400 ou R$ 600 milhões e terminamos colocando quase R$ dois bilhões no Pan. Seria o nome do Brasil que ficaria sujo na praça”.
À época pouco se falou sobre isso. Poucos anos se passaram e o que se vê, dói aos olhos, vários equipamentos se deteriorando por falta de zelo, descaso com instalações apodrecendo a céu aberto. O próprio Lula foi impedido de discursar na abertura dos Jogos, no estádio Maracanã, sob tremenda vaia, num dos episódios mais desagradáveis de incivilidade, desrespeito e ignorância demonstrados a um chefe de estado em abertura de evento esportivo.
Se aprender com os erros também é condição para evolução, eis aí uma ótima ocasião que o tempo vai se encarregar de desvendar à nação.
Está evidente que o presidente Lula, demonstra temor de que sejam repetidos os mesmos erros de 2007 e vem daí a razão da sua preocupação, aliás, no mínimo pertinente. Sem falar no legado para o esporte, que ninguém sabe onde foi parar!
Para a Copa de 2014, não é uma questão que devemos buscar orientação pela dialética, nem de pintar simploriamente o preto no branco. Há muito mais em jogo. São muitos os brasileiros que estão se definhando nos corredores dos hospitais, a insegurança é generalizada, independente da região, estradas péssimas repletas de pedágios inexplicáveis, o direito de ir e vir sob suspeita!
Pergunta-se: como se libera rapidamente mais de vinte bilhões de reais através de Medida Provisória se não há por outro lado, recursos para investimentos de porte na educação, por exemplo?
Qual transparência se refere o governo?
A Glasnost – a transparência apresentada ao mundo por Mickail Sergeiovich Gorbachiov na década de 1980 na extinta União Soviética, nos ensina que já não começamos bem, sem uma explicação da origem de tanto recurso para construção de estádios, hotéis, reforma de aeroportos, mobilidade urbana, entre os inúmeros outros afazeres, impostos pela FIFA. Esta é a prioridade?
Devemos envidar esforços para acompanhar todas as etapas do planejamento que desde já preocupa. Nesse momento além do significativo atraso, não se sabe ainda qual será a cidade sede da abertura da Copa!
A população brasileira deve levantar a cabeça para se ocupar dos assuntos do país. Soberania é isto, “ler” a realidade onde se vive.
Aqueles que não conseguem compreender o imperativo dos dias atuais, poderão ser golpeados, isto sim, com os métodos da gestão autoritária.
Na conjugação de transparência e pantomima, faz-me o favor, o que está esgotando rapidamente é a paciência, pelo menos de alguns!


Paulo Celso Magalhães

HONESTIDADE É OBRIGAÇÃO, PELO MENOS

Se tomarmos em última instância o que vem ocorrendo no país, estamos beirando o retrocesso ao invés de festejarmos a evolução. Refiro-me à decadência moral e das regras mínimas de convivência em sociedade.
Curiosamente, quanto mais se aprende, tanto maior a razão para espanto. A gente se nega acostumar a ler, ver e sofrer com as imagens e fatos que prognosticam o enfraquecimento da sociedade naquilo que é a sua essência: a arte de conviver!
Segundo os pesquisadores Coulson e Ridell (1979), a sociedade é mais do que a soma das pessoas que estão nela. Não são apenas as pessoas, mas também a maneira como elas estão relacionadas entre si, organizadas e distribuídas.
Num país de tantas leis, podemos comemorar – ou lamentar, mais uma: a lei da “Ficha Limpa”. Ela pode vetar candidatos, desde que estejam em situação irregular. Subentende-se também a desonestidade, inclusive a malversação do erário, ou seja, a falta de zelo com a verba pública. É isso mesmo, foi preciso uma lei para esse tipo de descalabro ético.
Mas, mesmo aquele, barrado no baile numa primeira instância, ainda poderá recorrer e entrar na festa.
É para causar estarrecimento, no mínimo.
Ser honesto não é motivo para se erguer troféus ou promover exibição de taças, como aquelas que ficam décadas e até séculos, nas vitrines dos clubes, muitas vezes empoeiradas ao relento dos cantos.
Honestidade é obrigação!
A rigor, a gente se surpreende com o avesso das coisas certas, mesmo que para isso as regras sejam subestimadas nas cartilhas de sobrevivência.
Um procedimento intrigante, mas muito comum na prática do dia a dia.
É uma aspereza paradoxal, de proporção colossal.
Uma verdadeira guerra!
Mas não é somente uma guerra visível, seja ela por qualquer razão, injustificável naturalmente, senão estúpida, aliciada pela impunidade contumaz arraigada aos contrapassos, gerenciada pela falta de decência das inúmeras manobras da enganação e do faz de conta!
É necessário ao que parece, aperceber-se diante da tênue possibilidade da convivência em harmonia, das conturbativas diferenças do alfabetamento inútil.
É a desumanidade do homem para com o homem.
Atos individuais ou coletivos de iniquidade têm mergulhado grande parte da sociedade na brutalidade, no derramamento de sangue, na indiferença descabida, na obscuridade da grande “fábrica de mentiras”.
O desejo de liberdade, não existe por acaso. Ele está dentro de nós. Mesmo que a negociata se encarregue de mantê-lo distante do nosso alcance.
Criatura ou criador, o homem é responsável pelo estado de coisas que aí está e que parece não ter fim!


Paulo Celso Magalhães

terça-feira, 24 de agosto de 2010

ATÉ QUANDO?



Existe um grupo de analistas que defende a idéia de que os países menos desenvolvidos podem se tornar desenvolvidos. Para muitos outros, o subdesenvolvimento é uma etapa que antecede o desenvolvimento. Fato é que outros analistas consideram o subdesenvolvimento não como uma etapa anterior que precede ao desenvolvimento, mas como uma situação que pode ser permanente.
Segundo o escritor Pércio Santos de Oliveira, pode-se utilizar uma série de indicadores do subdesenvolvimento que permitem caracterizar os países que se encontram em tal condição: insuficiência alimentar; grande incidência de doenças; composição etária com predominância de jovens; baixa renda per capita; concentração de renda e subemprego entre outros.
Entretanto, um fato recente nos chama a atenção. De certa forma, as populações de inúmeros países começam a ter consciência de sua miséria. Identificam atores que pregam a lei, a correção, a austeridade, mas praticam exatamente o contrário.
Recentemente, o Senador José Sarney escorregou novamente no próprio discurso. Demonstrando preocupação e agindo para moralizar o senado brasileiro, se viu obrigado – e só por isso – a admitir que ele também se beneficia do sistema, recebendo auxílio moradia. Pior ainda, admitiu que desconhecia o fato. Logo ele que se vestiu de xerife da “honestidade” apesar do seu histórico nada animador.
Órgãos de comunicação de massa têm contribuído para desmascarar esses vilões, revelando a todos a existência de aberrações como essa.
Como explicar um senador da república que já é altamente remunerado ainda receber tantos aditivos salariais? Ainda mais se considerarmos um salário absurdamente inimaginável se comparado aos proventos praticados no país. Enquanto isso, a população se vira para sobreviver com salários ridículos.  
Até quando?




Paulo Celso Magalhães

UM PALANQUE NO FUNDO DO POÇO

Acompanhei o discurso palaciano do Senador José Sarney, presidente do senado, na última semana.
Falou e não disse!
A pergunta que fica é se a nação brasileira ainda merece passar por isso?
Apesar de peça corriqueira, Sarney ainda consegue proporcionar momentos bisonhos e lamentáveis. Desnecessário a uma população exausta de tanto palavrório.
Seus “50 anos de vida pública” não foram suficientes para trazer equilíbrio às suas trêmulas palavras. Transferiu responsabilidades que são dele, enquanto líder eleito com o propósito de moralizar a casa, que já presidiu anteriormente. Ficou muito vulnerável.
Difícil até para compreender, pois boa parte desses anos esteve atrelada ao Golpe de Estado de 1964 e que de certa forma tentou minimizar.
Exigir a “colaboração dos colegas” parece ato de desespero.
É assumir publicamente que pouca coisa está funcionando e pior, ninguém sabe o porque.
O eleitor brasileiro não espera colaboração dos parlamentares. Exige trabalho com responsabilidade e comprometimento. É para isso que estão lá.
Parafraseando o Corão, é melhor calar quando não há o que dizer.

Paulo Celso Magalhães.








 


O CLIMA, A UMIDADE RELATIVA DO AR E O EXERCÍCIO FÍSICO

Em geral, o desconforto do calor excede o do frio. Lidamos com o frio vestindo agasalhos, construindo ou encontrando abrigo, acendendo fogo. Essas técnicas remontam a dezenas de milhares de anos e explicam a dispersão inicial da humanidade desde uma origem africana até as regiões mais frias. O calor é uma outra história. Três quartos da energia liberada pelo trabalho muscular assumem a forma de calor, que o corpo, como qualquer máquina ou motor, deve descarregar ou eliminar a fim de manter uma temperatura adequada. Infelizmente, o animal humano dispõe de poucos dispositivos biológicos para esse fim. O mais importante é a transpiração, especialmente quando reforçada por rápida evaporação. Climas úmidos e abafados reduzem o efeito refrescante da transpiração – a menos que se disponha de alguém para ficar abanando e acelerar a evaporação. Fazermos isso por nós mesmos pode ajudar psicologicamente, mas o efeito refrescante será cancelado pelo calor produzido pela atividade motora.
O modo mais fácil de reduzir esse problema de desperdício é não gerar calor, ficando quieto e não trabalhando. Daí a origem de determinadas adaptações sociais como a sesta, cuja finalidade entre outras razões, é manter as pessoas inativas durante o calor do meio dia. Na índia britânica, um provérbio dizia que só os cães loucos e os ingleses andavam na rua com o sol a pino. Os nativos evitavam fazer isso.
A escravatura fez com que as pessoas realizassem para outras, todos os trabalhos árduos e penosos. Não é por acaso que a mão-de-obra escrava esteve historicamente associada a regiões tropicais, por exemplo.
O calor, especialmente aquele que perdura por longos períodos – como no Brasil, tem uma consequência ainda mais complexa: estimula a proliferação e formas de vida hostis ao homem. Os enxames de insetos fervilham quando a temperatura sobe, e os parasitas que eles abrigam amadurecem e reproduzem-se mais rapidamente.
Analisando um mapa do mundo em termos de produto ou renda “per capita”, os países ricos situam-se nas zonas temperadas. Já os países pobres, nos trópicos. O economista John K. Galbraith, citado por David S.Landes no livro A Riqueza e a Pobreza das Nações (Campus editora), comenta que se demarcasse uma faixa de uns três mil quilômetros de largura cercando a Terra no equador não encontraria “nenhum” país desenvolvido. Segundo Galbraith, em toda essa vasta área o padrão de vida observado é baixo.
Nossa intenção com o texto é contribuir com algumas recomendações para um período do ano na vida dos brasileiros que se deparam com temperaturas mais frias e baixa umidade relativa do ar. Por razões até mesmo do cotidiano, pela nossa predominância de convivência com o calor, torna-se necessário disponibilizar certos cuidados para o referido período.  
Para os praticantes de exercícios físicos, atletas ou não, especialmente ao ar livre, algumas precauções precisam de atenção e cuidados adicionais.
As baixas temperaturas favorecem a perda de calor além da ação do vento que pode contribuir ainda mais para essa perda. Entretanto a produção de calor corporal durante um exercício físico, de moderado a extenuante é suficientemente alta para prevenir a hipotermia.


  
            Precauções em dias muito frios.
      
  1. Iniciar a atividade com carga de intensidade menor do que na parte principal é muito interessante. No caso da corrida, caminhe inicialmente. No caso de pessoas idosas, é sempre importante observar que o aquecimento necessita de um tempo um pouco maior.
  2. Utilizar roupas adequadas, evitando excessos, pois com o decorrer da prática a tendência é utilizar somente o estritamente necessário gerando o incômodo de ter que carregar muitos agasalhos de forma desnecessária. Deve-se evitar permanecer com roupa úmida em virtude de suor ou chuva após a prática do exercício, pois seu valor isolante fica comprometido uma vez que a umidade da pele facilita a perda de calor. 
  3. Nas atividades em piscinas aquecidas torna-se muito importante agasalhar-se bem ao sair do ambiente fechado, evitando assim a alternância súbita da temperatura ambiente com a temperatura externa.
  4. Observar a umidade relativa do ar é recomendável. Para se precaver contra os efeitos da baixa umidade do ar é recomendado beber muita água, utilizar-se de recipientes com água em locais fechados e lavar sempre as vias respiratórias. Se a umidade chegar a índices muito baixos – a mídia diariamente fornece indicadores,  o exercício físico deve sofrer restrições.
  5. Hidratar-se durante a prática do exercício é uma medida importante.
  6. O alongamento após o exercício traz consequências muito positivas.
  
    Atenção à baixa umidade relativa do ar. 
            Problemas decorrentes da baixa umidade relativa do ar segundo estudos desenvolvidos na Unicamp, refere-se em termos amplificados, quanto de água na forma de vapor existe na atmosfera. A umidade do ar é mais baixa principalmente no final do inverno e início da primavera, no período entre o meio dia às 16 horas. 
            Alguns aspectos comuns decorrentes da baixa umidade relativa do ar:
                         
            . Complicações alérgicas e respiratórias;
            . Sangramento pelo nariz;
            . Irritação dos olhos;
            . Aumento da possibilidade de incêndios em pastagens e florestas. 
             Cuidados são fundamentais e podem ajudar entre os quais: 
             . Evitar exercícios físicos ao ar livre entre 11 e 15 horas;
             . Umidificar o ambiente através de vaporizadores, recipientes com água, molhamento de jardins ou árvores próximas;
             . Consumir água à vontade;
             . Evitar aglomerações em ambientes fechados;
             . Colocar as roupas típicas de inverno no sol;
             . Consultar seu médico e demais profissionais da área da saúde.
             . Praticar exercício regulamente.
             . Orientar-se com um profissional de educação física.
              
  Paulo Celso Magalhães
  

Humberto Delgado e a Coisificação no Brasil

Humberto Delgado e a Coisificação no Brasil25/6/2010 20:46:32
O General Humberto Delgado morreu pelo povo português na luta contra a opressão e o totalitarismo em Portugal em 1965, condenado pela PIDE (Polícia de Defesa do Estado), braço forte da ditadura instalada em Portugal sob o comando de Salazar.
Humberto Delgado era um militar respeitado pelas suas idéias democráticas, tendo a liberdade como bandeira, que viriam mais tarde contribuir para a Revolução dos Cravos levada à vitória em 26 de abril de 1974 com significativa participação popular.
Dos fatos finais, consta na rica história portuguesa uma luta constante de um cidadão que sonhou com a liberdade, mesmo que o preço lhe custasse sua própria vida.
Para muitos brasileiros, a história de Humberto Delgado é totalmente desconhecida. Alçado à condição de herói, o “General sem medo” como era também conhecido à época, tinha uma folha exemplar de serviços prestados à nação portuguesa.
Humberto Delgado, segundo José Antônio Novaes autor do livro “Humberto Delgado Assassinato de um Herói”, era valente, honesto, inteligente e patriota, quatro virtudes compatíveis com uma carreira brilhante, porém dentro de um regime ditatorial.
O regime corporativo até então submetia o povo português à pobreza e à indigência cultural, costumava proferir em suas conferências mundo afora.
Exilado no Brasil, desde a sua chegada, não só teve a consciência de que era necessário denunciar perante o mundo a ditadura portuguesa, mas respeitar integralmente as leis brasileiras.
A brilhante trajetória de Delgado nos permite refletir a dimensão histórica dos fatos.
No Brasil atual ainda paira certa inércia, como se algo milagroso fosse nos arremeter décadas à frente no duro caminho para o desenvolvimento, bem diferente do General Humberto Delgado, que tomou a iniciativa do fazer.
Temos encontrado dificuldade de mobilização coletiva. Muitas vezes delegamos aos outros a responsabilidade da ação cívica de conviver em harmonia com responsabilidade. Algo como se “isso não fosse comigo”, e assim continuando imobilizados.
Interessante o nosso “patriotismo” de chuteiras, durante a copa do mundo de futebol, exibindo altaneiros nosso pavilhão verde amarelo. Curiosamente é esquecido por muitos no dia da Pátria.
A respeito do saber, estamos dialogando sobre quase nada!
Muitos dizem a mesma coisa e quase ninguém diz nada diferente!
O que de fato desejamos para o nosso país? Qual a minha, a sua e a nossa responsabilidade? 
Imagens que se sobrepõem com crianças a levantar pipas, sem livros, sem leitura, sem entendimento do que precisamos compreender urgentemente.
Poucas opções de entretenimento criativo e cultural. Quando existem, estão disponíveis quase sempre para a classe dominante!
Aglomerados indiferentes, sons das ruas, das avenidas, dos tambores. Chaga aberta da violência das cidades amedrontadas em um país violento e com cidadãos que deveriam estar preocupados com os seus direitos, inclusive de ir e vir.
Nossa maior conquista que ainda estar por vir é por um ensino de qualidade com direitos de acesso e inclusão indistintamente. Vamos torcer antes de tudo pelo Brasil e assumir nossas responsabilidades evocando a justiça social e uma melhor distribuição da renda. Esta é a competição que de fato precisamos vencer!
 


Paulo Celso Magalhães

Carta ao meu avô

25/6/2010 20:40:53
Sempre bem informado Rubem Marques Simões, meu avô, atraia muitas pessoas pelo seu belo discurso, sua presença imponente e acima de tudo, sua sabedoria. Estávamos no final da década de 1960. Tempo de golpe de estado é bom que se diga.
Homem com o dom da palavra e da leitura.
Justo, politizado, munícipe atuante, influente e formador de opinião, jamais se permitiu silenciar diante da injustiça e da opressão.
Homem forte e valente não se dobrou frente à república dos coturnos e baionetas!
Para ele, nada poderia resistir à verdade. Mister se fazia, entretanto que esta fosse apresentada. E assim o fez!
Pronunciou-se a caráter advertindo a imensa agressão pela qual o país sofria.
-- Os agressores falarão por si mesmos aos interlocutores perseguidos. Ainda terão que prestar contas, dizia!
Era preciso se dar conta da emergência, defendendo os mais essenciais dos Direitos Universais do Homem, inscritos na consciência de todo ser humano. Incansável nesta posição solene, com quase setenta anos, foi detido e preso no Batalhão de Infantaria Blindada do Exército Brasileiro, em Barra Mansa.
Certamente passou e comeu pelo “pão que o diabo amassou”.   
Hoje em dia fala-se o que quer, bem diferente daquela época e compreender o que se fala, porém, é outra história.
Quero dizer, para que entendas bem, que aquela brava gente pela qual lutaste, faz tempo, vive muito adormecida por aqui. Gente por deveras pacata!
Diverte-se até com a bola da Copa, que tem nome esquisito, e não liga para os livros. Gosta de frivolidades, desejosa por salvadores da pátria, atribuindo-lhes a solução para os nossos problemas.
Curiosamente, incontidas multidões gritam nas praças, nos bares e ruas por coisa pouca, empunhando bandeiras em nome dos “soldados”, defensores e atacantes, que gostam mesmo é de ficar no meio de campo no time da pátria das chuteiras, o Toma Lá da Cá Futebol Clube.
Faz-se muito barulho porque somos muito bons nisso.
Tiros de rojões, cornetas estridentes e tambores fazem a maior algazarra, principalmente quando acontece um tento brasileiro. Os gritos estão a garantir terreno numa batalha interminável e “patriótica”. Afinal, essa mesma gente, acostumada a perder em quase tudo, acredita no milagre e resgata sua auto-estima torcendo através dos jogos de futebol de todo o dia.
Essa questão transcende e por vezes delimita a soberania nacional, e delega ao time a inimaginável representatividade dos sem tanta coisa, inclusive, quem diria, os sem livros!
A desinformação é total e desejada. Pra que pensar?
Pense por mim!
Viva o nada!
Nada é melhor, porque assim não sofro!
Sempre tem nada para ver e refletir!  Perdemos todos os dias sem entrar em campo uma única vez!
O articulista da Revista Veja, Roberto Pompeu de Toledo referindo-se aos eternos descasos com as verbas públicas escreveu recentemente algo que assusta e sugere reflexão. Segundo Toledo “o atraso à brasileira vai muito fundo. A idéia não é que as coisas fiquem como estão; é que melhorem sempre para os governantes, mesmo que piorem para os governados”.
No crédito, fica um sentimento: a elite dominante continua a promover o desaprendizado do já sabido.
Inúmeros brasileiros, deitados em berços esplêndidos pelo país afora, inertes, apenas, observam. Bem acomodados sob o sol do novo mundo ou o calor insuportável, como queira!
Desculpe meu avô, ainda bem que tens sérias dificuldades auditivas, até porque o som emitido por aqui é muitas vezes incompreensível, assustador e no mínimo preocupante, até para quem os emite. E são muitos!
No dia da Pátria, que se aproxima, as bandeiras – amassadas e desbotadas, serão pisoteadas, esquecidas, jogadas às traças!
É bem verdade que o Dia da Pátria é feriado muito desejado e comemorado com descaso pela grande maioria. Atrever a comentar a razão da data é episódio para poucos. Entendê-la então, é tirar leite de pedra!
Pobres Inconfidentes das Gerais, quanto descaso!
À Pátria amada, estão a desonrá-la com mentiras, violência, corrupção, superfaturamentos, interesses pessoais acima da coletividade, inspirando alguns autores a falarem da banalidade da vida nestas terras.
Há outros, e aí também não são poucos, os que compõem o batalhão dos sem terra, sem teto, analfabetos, iletrados, das casas de pau a pique, dos barracos dependurados em morros das inúmeras áreas de risco pelo país, verdadeiro flagelo devido às poucas ações das políticas habitacionais, envergonhando pelo descaso, desfigurando o próprio sentido daquilo que seria o habitar. O escasso direito de ir e vir, rotineiramente violado, não é exceção ao conjunto de regras – existentes por demais e não cumpridas.
Sei que você, Rubem Simões, meu avô, não pode voltar, mas rogo em preces para dizer que urge pressa a tua presença entre nós, antes que seja tarde demais!
Paciência é palavra nobre. Há limites incomensuráveis, entretanto, de tolerância com o descaso e a indiferença!
Tendo oportunidade e não é presunção, peço o favor de chegar aos inatingíveis líderes dessa “brava gente” brasileira, para dizer que na Pátria amada à qual doou grande parte da tua vida, há uma gente indigente, que nem desconfia que não sabe, com necessidades urgentes, condizentes ao tamanho do nosso maior problema talvez, a desesperança!
Nossa torcida, diante do derradeiro campeonato que está por vir, não permitirá sequer o empate. E nesse jogo, as coisas estão bem difíceis.
A diminuta significância está presente na luz que ainda emana dos moribundos às crianças, episódio que nos torna sobremaneira frágeis diante do sistema que aí está.  Tênue e quase insipiente!
Estaremos diante da razão?
Talvez!
Do que exatamente ainda precisamos nos convencer?
Recordando Voltaire: se isto é o melhor possível, imagine como seria o pior!


Até breve!

Paulo Celso Magalhães

O Brasileiro não Desiste Nunca?

Recentemente li uma crônica muito interessante, num jornal de grande circulação de São Paulo, dando conta de que o TSE confirmou uma quinta multa no valor de R$ 7,5 mil ao presidente Lula, devido à propaganda eleitoral antecipada em favor da candidata representante do atual governo.
Na mesma proporção da aplicação da lei situa-se o aparente desconchavo, quando a presidência da república desdenha dos fatos, das próprias leis que regem a todos os brasileiros. Todos, sem exceção!
O Ministério público chegou a pedir que a multa seja aumentada e estendida à própria candidata.
Lula desmerece o fato, age como se estivesse acima da própria lei, e por isso mesmo, bom exemplo não é.
Brinca num cenário por demais sombrio com números assustadores que segrega tantos brasileiros, ceifando inúmeras vidas inocentes.
A grande maioria da população é verdade, desconhece esses números da triste realidade brasileira.
Isso tem nada de engraçado!
Não se trata de hipóteses. São dados divulgados por órgãos do próprio governo e nos remete a uma colocação absurda no cenário da violência mundial.
Dados do Ministério da Saúde mostram que 36.666 brasileiros perderam a vida em acidentes automobilísticos em 2008, o equivalente a 100 mortes por dia. Em sete anos morreram 247.722 brasileiros no trânsito.
A AIDS mata por ano no Brasil 11.000 pessoas, ou seja, 30 por dia. Faltam políticas públicas, para cuidar com eficácia dessa tragédia, que em parte poderia ser evitada.
Entre 1980 e 2000, a taxa de mortalidade por homicídios para ambos os sexos no Brasil aumentou 130%. Dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública revelam que de 1979 a 1998 foram registrados 515.986 homicídios. Só em 1998 foram 41.802!
Para se ter uma dimensão desses dados, na guerra do Iraque (país invadido pelos Estados Unidos) morrem por ano 37.500 pessoas.
Segundo Luis Mir, autor do livro Guerra Civil: estado e trauma, publicado pela Geração Editorial em 2004, a alta incidência de mortes de jovens do sexo masculino vem contribuindo fortemente para a diferença de quase oito anos, entre a expectativa de vida de homens e mulheres no Brasil.
Populações inteiras vivendo em permanente estado de terror!
Se, ser brasileiro é não desistir nunca, também é verdade que está muito difícil continuar a acreditar em mudanças diante dos fatos. Os números não mentem.
Poderíamos ainda enumerar o descaso com a educação, por si só o suficiente para antever as grandes dificuldades iminentes às nossas portas, mas curiosamente, como não é motivo de paixão nacional, evita-se debatê-la!
Parafraseando a magistral educadora brasileira, Dra. Ilda Cecília: “é preciso reflexão”.
Se o brasileiro, meio azoado, não desiste nunca, qual seria a provável razão da desistência?  Do quê não queremos desistir? Ser brasileiro é tão duro assim?
O nosso afastamento da reflexão para assuntos relevantes à nação, ao que parece, presente em nosso cotidiano, não é aceitável para quem almeja um lugar de destaque positivo no cenário internacional e por falta de informação a sociedade irá refletir a respeito do quê?
Não seria tão bom se desistíssemos da truculência do dia a dia, da violência, da intolerância, dos deboches pelas leis, do desinteresse pelos rumos da educação pátria. Como seria ótimo se desistíssemos de só assistir novelas e futebol na TV. Já pensou se a grande maioria da população brasileira desistisse de não ler?
Brasileiro que se preza, está a gritar por um país mais sério, com dirigentes concentrados na solução dos nossos incontáveis problemas, a começar pela qualificação de quem se propõe a tal feito!

 

Paulo Celso Magalhães

VOLEIBOL, SUOR, MAGIA E COMPETÊNCIA


Praticado num retângulo de 18 x 09, tudo pode acontecer durante uma partida de voleibol: plasticidade, técnica apuradíssima, determinação, garra e um “algo mais” que contagia a todos nós. Percebe-se claramente a doação dos atletas, quando atuam pela seleção brasileira, o contrário do que temos visto nos atletas da seleção masculina de futebol com algumas exceções é verdade. Mas o futebol é assunto por demais noticiado e cabe ao leitor, fazer suas comparações. Sugiro, se você não viu ainda a seleção masculina de voleibol do Brasil jogar, se ligar na próxima partida. Certamente haverá muito empenho em busca da vitória com a garantia de lances geniais e emocionantes! Quando o jogo começa, alternam-se as belas jogadas e o que parece definido, pode mudar radicalmente e assim sucessivamente. Concentração, ansiedade, rostos vibrantes e apreensivos, a doação é algo presente em todo o jogo. A bola é o objeto de desejo. Imponente e soberana, voa, rola, foge e até desdenha da solidão do toque que ironicamente lhe dá a vida. Envaidecida, não é chegada a tomar decisões, apenas se deixa levar pelas emoções das carícias das mãos, proporcionando movimentos mágicos e envolventes com trajetórias imprevisíveis. No campo de jogo, aparentemente pequeno, prevalece a grandeza da solidariedade, onde o sentido de equipe supera o individualismo. Treinadores agitados, hora pacatos, confidenciam segredos quase sussurrando aos seus atletas. Público hipnotizado pelo soar das palmas, dos gritos e apitos, externa alegrias e tristezas, como de fato é o desenrolar do jogo, e assim deverá o sê-lo infinitamente. O adversário não se constitui inimigo. Deve ser respeitado, jamais pisoteado! Preconiza algo às vezes esquecido, em muitas ocasiões futebolísticas: que a derrota é uma real possibilidade de resultado. E perder é encontrar! É identificar erros e rever acertos. E como um jogo, tudo pode acontecer, exceto desonrar a vitória do outro. É atitude pequenez! Quanto mais valoroso o adversário, maior significância à vitória! Adorada e odiada, ironicamente impassível e intocável, a rede só aceita o galanteio da bola e de mais ninguém, tornando-se assim, atriz coadjuvante do grande espetáculo. Já faz tempo que o voleibol simboliza um Brasil que dá certo. Referência de qualidade, performance e resultados. É produto brasileiro! Orgulhemo-nos todos. A seleção está em campo e vai muito bem obrigado.

Paulo Celso Magalhães 

O outro lado da Ilha

Encontrava-me anos atrás num modesto hotel na capital de Cuba, Havana, a espera do amanhecer para conhecer o líder Fidel Castro Ruz.
Minha tensão, quanto mais se aproximava a hora de saída do hotel, tornava-se quase um sofrimento físico no calor insuportável do verão cubano. Desci para o saguão do hotel para aguardar em silêncio, na companhia de muitas pessoas, a “marcha” em direção a El Malecon, um calçadão à beira-mar que funciona como uma instituição local. Ali, o povo se encontra para namorar, conversar, beber, meditar ou simplesmente não fazer nada. Ali também se daria o pronunciamento de El Comandante.Às quatro horas saí caminhando pelas vielas estreitas do centro de Havana, dominadas por prédios velhos, conhecida como La Habana vieja, setor considerado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade desde 1982.O escritor cubano Alejo Carpentier chamou Havana de “Cidade das Colunas”, pois várias delas adornam prédios do século XVII ao início do século XX, muitos com roupas estiradas nas sacadas e varandas.Às quatro horas e trinta minutos as ruas estavam repletas de pessoas apressadas com bandeiras de Cuba, em direção à concentração cívica onde se daria a “oficina”.Triciclos amarelos ou “Cocotaxis” passavam a todo instante transportando turistas, combinados a carros antigos e ônibus popularmente conhecidos em Cuba como camelos.Imagens do médico argentino Ernesto Guevara, o Che, o segundo homem da revolução cubana, estavam por toda parte: paredes, outdoors, camisetas, cartões-postais. Uma imagem gigante ocupava um dos flancos do Ministério do Interior, da Plaza de la Revolucion, sobre o eterno lema: Hasta la victoria siempre”.O mito “Che” é quase que comparado ao próprio Fidel.Chegando ao local da concentração, me deparei com mais de oitocentas mil pessoas que aguardavam o pronunciamento do “Comandante” Fidel Castro Ruz.O povo cubano é muito nacionalista, aspecto este muito enfatizado pelos líderes políticos. Há um certo glamour, um sentimento patriótico, pois aqueles jovens idealistas da revolução, hoje senhores idosos, estão no comando da nação e isto gera um sentimento de reconhecimento coletivo simbolizado na figura carismática e emocionante de Fidel Castro. Foram jovens românticos e corajosos e, acima de tudo, que sonharam e lutaram por um ideal.É um equívoco pensar que todo cubano quer a presença americana no país.Mesmo com o embargo imposto há décadas, houve crescimento econômico em Cuba. O pacote imposto por Kennedy, na época denominado “ALIANÇA PARA O PROGRESSO, seria a pedra fundamental da política norte-americana de contenção da Cuba comunista, e que de avanço muito pouco ou quase nada trouxe para a América Latina.Por outro lado, Fidel indiscutivelmente avançou muito mais na diplomacia do que qualquer outro presidente norte-americano.Há uma influência evidente da esquerda no continente: Brasil (mais moderada), Venezuela, Bolívia e Argentina.De forma equivocada veiculada por uma imprensa influenciada pelo poder da mídia americana, tem-se a impressão de que todo cubano quer sair do país.Segundo dados da Organização e da Federation of America Scientists, mais de 30 milhões de pessoas mudam de país por ano, o que se torna num enorme movimento migratório.As guerras domésticas, conflitos armados e movimentos separatistas contribuem para chegarmos a níveis tão elevados. Somente o Brasil contribui com 40 mil pessoas saindo todos os anos em busca de uma vida melhor. 
A história de Cuba demonstra que sempre houve luta pela soberania do país. Os cubanos  rebelaram-se contra o colonialismo espanhol no ano de 1868. Um exército de libertação, com cerca de 38 homens, formado por um antigo fazendeiro de cinquenta anos, chamado Carlos Céspedes. Dois dias após o chamado pela independência, o exército rebelde tinha crescido para 4 mil homens, chegando a 12 mil.
Um escravo negro liberto, Antonio Maceo, tornou-se o comandante militar dos rebeldes. Maceo combateu, incansável, num período de 10 anos, mas ele e suas tropas não foram capazes de alijar os espanhóis do poder.
Em abril de 1895 José Martí (um renomado poeta cubano), continuou a luta pela independência. Morto um mês depois em uma batalha contra os espanhóis, Marti tornou-se  herói nacional, símbolo da liberdade e fonte de inspiração e estudo para a libertação da pátria.
Cuba tornou-se independente em 1902, com a ajuda dos Estados Unidos. Por essa ajuda, até hoje os americanos detêm o direito perpétuo para manter bases militares em território cubano, situação esta, muito questionada no país e no mundo.
No entanto, Cuba era uma república independente apenas no papel. Por muitos anos os Estados Unidos enviaram tropas repressoras, assegurando a submissão cubana aos interesses norte-americanos. Várias greves surgiram varrendo o país por todos os lados.
Nessa época, Fulgêncio Batista, ditador no poder, mantinha uma relação calorosa com os Estados Unidos contrapondo o perverso estado de pobreza da população.
Suspendeu garantias constitucionais, proibiu as eleições, restringiu a liberdade de opinião e de imprensa.  O país possuía índices altíssimos de analfabetismo e miséria.
Acontece então a “segunda independência”, quando Fidel Castro, Camilo Cienfuegos, Raul Castro e Ernesto Guevara, partindo da Sierra Maestra, conseguem levar o movimento  revolucionário à vitória com significativo apoio dos camponeses.
Cuba inicia uma nova etapa da sua história.
Após um alinhamento com a União Soviética, sofre novo impacto com o fim da ex-potência mundial em 199l, que à época era uma grande parceira econômica.
O desgaste foi grande, porém mais uma vez o povo, heroicamente resiste à nova realidade. Estatísticas atuais apresentam índices baixíssimos de analfabetismo, dados esses comparados a países como Noruega e Suécia; um programa de saúde poderosíssimo com uma expectativa de vida que chega aos 77 anos, um dos mais altos do mundo.
Nos esportes tornou-se referência, sendo uma das potências das Américas, sempre com bons resultados nos Jogos Olímpicos, fruto de um planejamento cumprido à risca, enfatizando a importância do desenvolvimento do esporte na escola, base da pirâmide do desenvolvimento do desporto nacional.
Nas escolas há em torno de 25 alunos por sala de aula e os resultados escolares superam muitos países desenvolvidos.
Há mais de 20 mil médicos cubanos prestando serviços em 64 países, inclusive no Brasil.
Inegavelmente, Cuba tem os seus problemas e não é nenhum paraíso socialista. O próprio governo sob o comando de Raul Castro não tem omitido as dificuldades.  De qualquer forma quem deve decidir sobre os destinos da nação cubana é seu próprio povo, e seus dirigentes. Cuba é uma nação soberana que não se permitiu curvar ao colonialismo imperialista de ontem e de hoje. José Marti enfatizava a necessidade de um povo culto para buscar a liberdade.
Ou seja, as pessoas contam. Seus conhecimentos, sua determinação, sua coragem!
Como seria um mundo sem a história cubana?
Qual é o motivo da grande preocupação americana com os cubanos?
E nós?
No mínimo, devemos deixar para os cubanos os destinos da Ilha e desconfiar de tantas informações descabidas de credibilidade, ao que parece.

Paulo Celso Magalhães