Sou aquele que sempre soube que não sabia.
Estou conformado com a corrupção por toda parte.
E por mais que se fale, tenho lá minhas convicções de que a maior verdade é a mentira descabida de todo dia.
Não me considero um paliativo nem uma metáfora, mas penso que sou.
Faço parte da nação envergonhada de tanta falácia.
Sou o que desejam que eu seja e não me importo mais.
Sinto-me reverenciado pela elite dominante por fazer parte do grupo que não decifra.
Vivo a coação moral da miséria das almas escravas.
Tenho sido uma peça rejeitada pelo sistema, constantemente eliminada pelo controle de qualidade dos poderosos.
Fui alfabetizado e até leio, mas não compreendo.
Imagino o que precisaria para ser.
Não vivi a cidadania plena ainda, e nem sei se um dia poderei desfrutá-la.
Hoje, é o passado à minha porta.
Pois tudo é feito para o futuro.
Mas o futuro não me pertence.
Sou tratado como uma raridade inútil, pois valho somente um voto.
Vivo no Reino das Maritacas, onde os políticos são eleitos pelos seus feitos em arenas e picadeiros.
Sei muito bem, como maritaquense, as consequências da guerra.
Mesmo acuado vejo-a apenas na ficção, no faz de contas.
Sinto-me próximo dos altares e ainda assim, vejo sempre a dor e o sofrimento.
Frequento, sob suspeita do poder, os leitos lacrimais. São testemunhas, em absoluta solidão, da minha maior vergonha: o descaso das autoridades com o povo maritaquense.
Meu nome é Brasilino e ainda moro por aqui, mas não sei por quanto tempo mais!
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