Em geral, o desconforto do calor excede o do frio. Lidamos com o frio vestindo agasalhos, construindo ou encontrando abrigo, acendendo fogo. Essas técnicas remontam a dezenas de milhares de anos e explicam a dispersão inicial da humanidade desde uma origem africana até as regiões mais frias. O calor é uma outra história. Três quartos da energia liberada pelo trabalho muscular assumem a forma de calor, que o corpo, como qualquer máquina ou motor, deve descarregar ou eliminar a fim de manter uma temperatura adequada. Infelizmente, o animal humano dispõe de poucos dispositivos biológicos para esse fim. O mais importante é a transpiração, especialmente quando reforçada por rápida evaporação. Climas úmidos e abafados reduzem o efeito refrescante da transpiração – a menos que se disponha de alguém para ficar abanando e acelerar a evaporação. Fazermos isso por nós mesmos pode ajudar psicologicamente, mas o efeito refrescante será cancelado pelo calor produzido pela atividade motora. O modo mais fácil de reduzir esse problema de desperdício é não gerar calor, ficando quieto e não trabalhando. Daí a origem de determinadas adaptações sociais como a sesta, cuja finalidade entre outras razões, é manter as pessoas inativas durante o calor do meio dia. Na índia britânica, um provérbio dizia que só os cães loucos e os ingleses andavam na rua com o sol a pino. Os nativos evitavam fazer isso. A escravatura fez com que as pessoas realizassem para outras, todos os trabalhos árduos e penosos. Não é por acaso que a mão-de-obra escrava esteve historicamente associada a regiões tropicais, por exemplo. O calor, especialmente aquele que perdura por longos períodos – como no Brasil, tem uma consequência ainda mais complexa: estimula a proliferação e formas de vida hostis ao homem. Os enxames de insetos fervilham quando a temperatura sobe, e os parasitas que eles abrigam amadurecem e reproduzem-se mais rapidamente. Analisando um mapa do mundo em termos de produto ou renda “per capita”, os países ricos situam-se nas zonas temperadas. Já os países pobres, nos trópicos. O economista John K. Galbraith, citado por David S.Landes no livro A Riqueza e a Pobreza das Nações (Campus editora), comenta que se demarcasse uma faixa de uns três mil quilômetros de largura cercando a Terra no equador não encontraria “nenhum” país desenvolvido. Segundo Galbraith, em toda essa vasta área o padrão de vida observado é baixo. Nossa intenção com o texto é contribuir com algumas recomendações para um período do ano na vida dos brasileiros que se deparam com temperaturas mais frias e baixa umidade relativa do ar. Por razões até mesmo do cotidiano, pela nossa predominância de convivência com o calor, torna-se necessário disponibilizar certos cuidados para o referido período. Para os praticantes de exercícios físicos, atletas ou não, especialmente ao ar livre, algumas precauções precisam de atenção e cuidados adicionais. As baixas temperaturas favorecem a perda de calor além da ação do vento que pode contribuir ainda mais para essa perda. Entretanto a produção de calor corporal durante um exercício físico, de moderado a extenuante é suficientemente alta para prevenir a hipotermia.
Precauções em dias muito frios. - Iniciar a atividade com carga de intensidade menor do que na parte principal é muito interessante. No caso da corrida, caminhe inicialmente. No caso de pessoas idosas, é sempre importante observar que o aquecimento necessita de um tempo um pouco maior.
- Utilizar roupas adequadas, evitando excessos, pois com o decorrer da prática a tendência é utilizar somente o estritamente necessário gerando o incômodo de ter que carregar muitos agasalhos de forma desnecessária. Deve-se evitar permanecer com roupa úmida em virtude de suor ou chuva após a prática do exercício, pois seu valor isolante fica comprometido uma vez que a umidade da pele facilita a perda de calor.
- Nas atividades em piscinas aquecidas torna-se muito importante agasalhar-se bem ao sair do ambiente fechado, evitando assim a alternância súbita da temperatura ambiente com a temperatura externa.
- Observar a umidade relativa do ar é recomendável. Para se precaver contra os efeitos da baixa umidade do ar é recomendado beber muita água, utilizar-se de recipientes com água em locais fechados e lavar sempre as vias respiratórias. Se a umidade chegar a índices muito baixos – a mídia diariamente fornece indicadores, o exercício físico deve sofrer restrições.
- Hidratar-se durante a prática do exercício é uma medida importante.
- O alongamento após o exercício traz consequências muito positivas.
Problemas decorrentes da baixa umidade relativa do ar segundo estudos desenvolvidos na Unicamp, refere-se em termos amplificados, quanto de água na forma de vapor existe na atmosfera. A umidade do ar é mais baixa principalmente no final do inverno e início da primavera, no período entre o meio dia às 16 horas. Alguns aspectos comuns decorrentes da baixa umidade relativa do ar: . Complicações alérgicas e respiratórias; . Sangramento pelo nariz; . Irritação dos olhos; . Aumento da possibilidade de incêndios em pastagens e florestas. Cuidados são fundamentais e podem ajudar entre os quais: . Evitar exercícios físicos ao ar livre entre 11 e 15 horas; . Umidificar o ambiente através de vaporizadores, recipientes com água, molhamento de jardins ou árvores próximas; . Consumir água à vontade; . Evitar aglomerações em ambientes fechados; . Colocar as roupas típicas de inverno no sol; . Consultar seu médico e demais profissionais da área da saúde. . Praticar exercício regulamente. . Orientar-se com um profissional de educação física. Paulo Celso Magalhães |
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