sexta-feira, 27 de agosto de 2010

TRANSPARÊNCIA. (A GLASNOST NÃO ESTÁ FORA DE MODA)

Há um clima de despreocupação injustificado no controle da responsabilidade e o combate à corrupção, à especulação e o descuido com as verbas públicas no Brasil.
Na solenidade de liberação de verba para a Copa de 2014 o presidente Lula comentou que “é muito importante o que vocês assinaram, para a gente não repetir os Jogos Pan-Americanos. O que aconteceu é que estava previsto para o Governo Federal investir R$ 400 ou R$ 600 milhões e terminamos colocando quase R$ dois bilhões no Pan. Seria o nome do Brasil que ficaria sujo na praça”.
À época pouco se falou sobre isso. Poucos anos se passaram e o que se vê, dói aos olhos, vários equipamentos se deteriorando por falta de zelo, descaso com instalações apodrecendo a céu aberto. O próprio Lula foi impedido de discursar na abertura dos Jogos, no estádio Maracanã, sob tremenda vaia, num dos episódios mais desagradáveis de incivilidade, desrespeito e ignorância demonstrados a um chefe de estado em abertura de evento esportivo.
Se aprender com os erros também é condição para evolução, eis aí uma ótima ocasião que o tempo vai se encarregar de desvendar à nação.
Está evidente que o presidente Lula, demonstra temor de que sejam repetidos os mesmos erros de 2007 e vem daí a razão da sua preocupação, aliás, no mínimo pertinente. Sem falar no legado para o esporte, que ninguém sabe onde foi parar!
Para a Copa de 2014, não é uma questão que devemos buscar orientação pela dialética, nem de pintar simploriamente o preto no branco. Há muito mais em jogo. São muitos os brasileiros que estão se definhando nos corredores dos hospitais, a insegurança é generalizada, independente da região, estradas péssimas repletas de pedágios inexplicáveis, o direito de ir e vir sob suspeita!
Pergunta-se: como se libera rapidamente mais de vinte bilhões de reais através de Medida Provisória se não há por outro lado, recursos para investimentos de porte na educação, por exemplo?
Qual transparência se refere o governo?
A Glasnost – a transparência apresentada ao mundo por Mickail Sergeiovich Gorbachiov na década de 1980 na extinta União Soviética, nos ensina que já não começamos bem, sem uma explicação da origem de tanto recurso para construção de estádios, hotéis, reforma de aeroportos, mobilidade urbana, entre os inúmeros outros afazeres, impostos pela FIFA. Esta é a prioridade?
Devemos envidar esforços para acompanhar todas as etapas do planejamento que desde já preocupa. Nesse momento além do significativo atraso, não se sabe ainda qual será a cidade sede da abertura da Copa!
A população brasileira deve levantar a cabeça para se ocupar dos assuntos do país. Soberania é isto, “ler” a realidade onde se vive.
Aqueles que não conseguem compreender o imperativo dos dias atuais, poderão ser golpeados, isto sim, com os métodos da gestão autoritária.
Na conjugação de transparência e pantomima, faz-me o favor, o que está esgotando rapidamente é a paciência, pelo menos de alguns!


Paulo Celso Magalhães

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