Recentemente li uma crônica muito interessante, num jornal de grande circulação de São Paulo, dando conta de que o TSE confirmou uma quinta multa no valor de R$ 7,5 mil ao presidente Lula, devido à propaganda eleitoral antecipada em favor da candidata representante do atual governo. Na mesma proporção da aplicação da lei situa-se o aparente desconchavo, quando a presidência da república desdenha dos fatos, das próprias leis que regem a todos os brasileiros. Todos, sem exceção! O Ministério público chegou a pedir que a multa seja aumentada e estendida à própria candidata. Lula desmerece o fato, age como se estivesse acima da própria lei, e por isso mesmo, bom exemplo não é. Brinca num cenário por demais sombrio com números assustadores que segrega tantos brasileiros, ceifando inúmeras vidas inocentes. A grande maioria da população é verdade, desconhece esses números da triste realidade brasileira. Isso tem nada de engraçado! Não se trata de hipóteses. São dados divulgados por órgãos do próprio governo e nos remete a uma colocação absurda no cenário da violência mundial. Dados do Ministério da Saúde mostram que 36.666 brasileiros perderam a vida em acidentes automobilísticos em 2008, o equivalente a 100 mortes por dia. Em sete anos morreram 247.722 brasileiros no trânsito. A AIDS mata por ano no Brasil 11.000 pessoas, ou seja, 30 por dia. Faltam políticas públicas, para cuidar com eficácia dessa tragédia, que em parte poderia ser evitada. Entre 1980 e 2000, a taxa de mortalidade por homicídios para ambos os sexos no Brasil aumentou 130%. Dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública revelam que de 1979 a 1998 foram registrados 515.986 homicídios. Só em 1998 foram 41.802! Para se ter uma dimensão desses dados, na guerra do Iraque (país invadido pelos Estados Unidos) morrem por ano 37.500 pessoas. Segundo Luis Mir, autor do livro Guerra Civil: estado e trauma, publicado pela Geração Editorial em 2004, a alta incidência de mortes de jovens do sexo masculino vem contribuindo fortemente para a diferença de quase oito anos, entre a expectativa de vida de homens e mulheres no Brasil. Populações inteiras vivendo em permanente estado de terror! Se, ser brasileiro é não desistir nunca, também é verdade que está muito difícil continuar a acreditar em mudanças diante dos fatos. Os números não mentem. Poderíamos ainda enumerar o descaso com a educação, por si só o suficiente para antever as grandes dificuldades iminentes às nossas portas, mas curiosamente, como não é motivo de paixão nacional, evita-se debatê-la! Parafraseando a magistral educadora brasileira, Dra. Ilda Cecília: “é preciso reflexão”. Se o brasileiro, meio azoado, não desiste nunca, qual seria a provável razão da desistência? Do quê não queremos desistir? Ser brasileiro é tão duro assim? O nosso afastamento da reflexão para assuntos relevantes à nação, ao que parece, presente em nosso cotidiano, não é aceitável para quem almeja um lugar de destaque positivo no cenário internacional e por falta de informação a sociedade irá refletir a respeito do quê? Não seria tão bom se desistíssemos da truculência do dia a dia, da violência, da intolerância, dos deboches pelas leis, do desinteresse pelos rumos da educação pátria. Como seria ótimo se desistíssemos de só assistir novelas e futebol na TV. Já pensou se a grande maioria da população brasileira desistisse de não ler? Brasileiro que se preza, está a gritar por um país mais sério, com dirigentes concentrados na solução dos nossos incontáveis problemas, a começar pela qualificação de quem se propõe a tal feito! Paulo Celso Magalhães |
Paulo Celso Magalhães - paulocelsorp@gmail.com - www.cidadaniaeinclusao.blogspot.com
terça-feira, 24 de agosto de 2010
O Brasileiro não Desiste Nunca?
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