segunda-feira, 20 de junho de 2011

CIDADANIA E INCLUSÃO. UM ANO DE REFLEXÃO.

O meu contato com o universo blogueiro vem de algum tempo atrás, quando das minhas viagens à bordo dos finados "Crônicas Sobre Veracidades Factuais" e do "Pura Misantropia", espaços administrados por mim com o intuito de discutir temas que abordavam desde o nosso prosaico cotidiano até as questões que nos inquietam até hoje, como por exemplo, os caminhos por onde trilha a cultura nacional e a conscientização (ou a falta dela) acerca dos problemas que envolvem a sociedade.
Os "blogues" acima citados feneceram, muito embora as inquietações diante das injustiças sociais, da idiotização provocada pelos meios de comunicação e dos mandos e desmandos daqueles que governam o nosso "país olímpico" tenham aumentado em proporções oceânicas.
Para que a minha aflição possa ser controlada, invariavelmente tenho que recorrer aos espaços como o CIDADANIA E INCLUSÃO, blog muitíssimo bem conduzido por Paulo Celso Magalhães e que, para sorte e felicidade geral da nação, completa o seu primeiro aniversário. Para o deleite de todos os leitores que exercem o seu dever de contestação e indignação diante de uma desigualdade social provocada por uma classe dominante que teima em fazer desse país nada mais do que um grande investimento, foram doze meses de reflexão, aprendizado e, principalmente, boa leitura.
No decorrer desses doze meses, o professor Paulo Celso buscou, por intermédio de textos que brotaram de sua inquietude que apaixona a quem tem o privilégio de sua convivência, nos alertar sobre a necessidade de um paradigma coerente com a realidade brasileira, em oposição à burguesia hegemônica. Tal paradigma representa um campo fecundo no qual a reflexão crítica nos possibilita uma compreensão de temas que nos remetem ao entendimento do verdadeiro significado de cidadania.
Que tenhamos vários aniversários por aqui. Temas polêmicos, propostas e ações divergentes é que não faltam para que o leitor possa, a cada diálogo travado com um texto de Paulo Celso, perceber que a reflexão nada mais é do que um ato político que faz com que a realidade contextual possa ser compreendida.
Felicitações pelo primeiro aniversário!

Prof. Cláudio Delunardo Severino

CIDADANIA E INCLUSÃO, PRIMEIRO ANIVERSÁRIO

Após um ano de convívio, agradeço a participação e inúmeras sugestões dos amigos e em especial ao Claudio Delunardo, incentivador, revisor, crítico em primeira instância, querido leitor e amigo.
Para comemorar a significativa data, convidamos a professora Dra. Valéira Vieira, para divulgar sua tese de pós-doutoramento, que de forma brilhante nos brinda com um texto muito pertinente à proposta do próprio blog, ou seja, discutir a cidadania nas suas mais diversas significâncias.
Desejo a todos uma ótima leitura e profícuo debate com a autora.

terça-feira, 14 de junho de 2011

INCLUSÃO CIENTÍFICA. POR QUE NÃO?

Vamos pensar em inclusão científica de saberes. Porque não? Podemos trabalhar com a inclusão dos nossos jovens através do conhecimento científico adquirido ao longo de suas vidas, e, o mais importante, não necessariamente dentro da escola, mas em passeios que os divirtam e provoquem sua curiosidade!
Você quer programar uma mistura explosiva de conhecimento adquirido em um simples passeio?
Então vamos à receita:



1- Um espaço de Educação Não-formal, pode ser um Centro de Ciências, onde o visitante tem liberdade para interagir ou não com os módulos oferecidos, além de eleger o que mais lhe agrada. Neste espaço o público poderá ficar boa parte da visita apenas nas proximidades dos módulos ou manuseando os mesmos;



2- Módulos científicos criados especificamente para entreter o público jovem, buscando aguçar sua curiosidade e responder às questões científicas pertinentes aos conceitos aos quais estes módulos foram construídos;



3- Pessoas, monitores treinados para estimular cientificamente o visitante, levando-o a, não só interagir com os módulos propostos, mas, buscar respostas às suas dúvidas conceituais que surgem ao longo da interação.



O resultado desta receita: Um novo aprendiz. Um indivíduo que seja capaz de rever seus conceitos científicos sobre determinado conteúdo, escolar ou não. Que seja capaz de reestruturar esses conceitos e ganhar em aprendizado.
Talvez você nunca tenha pensado a respeito, mas, uma simples saída à rua pode provocar um ganho em conhecimento científico. E, por causa deste ganho, que os pesquisadores chamam de aprendizado não-formal, vários estudos estão sendo feitos na tentativa de mapear e nos informar sobre esse novo jeito de aprender.
Hoje, existem muitos lugares próprios a estimular o que os pesquisadores chamam de Reestruturação Conceitual, que nada mais é que um acréscimo ao nosso conhecimento. Algo que tínhamos uma leve noção, mas, que com algum estímulo externo, e, um passo a mais na nossa zona proximal, poderemos compreender melhor.
Gostaria de apresentar a você, leitor, o relatório final de uma pesquisa sobre essa transformação no conhecimento de jovens que tiveram a oportunidade de visitar um Centro de Ciências na cidade do Rio de Janeiro. Durante esta visita, acompanhada e observada por uma pesquisadora (autora deste texto) realizando seu pós-doutorado em Ensino de Ciências, pode-se observar um progresso conceitual dos alunos visitantes que questionam e interagem com os conceitos apresentados no espaço de educação Não-formal. Como este relatório será compilado em sua íntegra, sugiro observar o que seja mais de seu interesse, podendo reparti-lo em: introdução, onde apresento conceitos importantes para a compreensão do estudo que foi realizado, metodologia, na qual são descritos os passos tomados para a realização dessa pesquisa proposta, e, os resultados, que são discutidos e analisados em sua íntegra. Nestes, observamos o que escrevi no início desse texto, a inclusão científica de saberes que pode estar presente em um simples passeio.
Para maiores informações e acesso à pesquisa, entre em contato com a professora Valéria e aproveite a leitura! Quem sabe você também não passará por uma reestruturação em seus conceitos?



Valéria Vieira valvibr@yahoo.com).br

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O MENINO QUE PULOU O MURO

Qual poderia ser a surpresa e espanto de quase todo mundo, quando soube-se que Carlinhos, aluno aplicado e disciplinado, havia pulado o muro da escola para participar das aulas, num dia muito chuvoso e frio, típico daquela época do ano!
Foi descoberto em sua façanha pelo chefe de disciplina e levado diretamente para a sala da direção.
Dali mesmo recebeu a advertência pelo grave evento, registrado também em ficha individual.
Não lhe foi permitido nem mesmo o direito de dar explicações.
Não haveria desculpas. Saltar o muro para assistir aula, onde já se viu isso?
A rotina seria o inverso, saltar para fugir. Até aí tudo normal!
Assim, Carlinhos trazia uma situação nova, e novidade não era algo muito bem vindo dentro dos muros daquela escola.
Agravou a situação o fato de que Carlinhos residia na mesma rua da escola, portanto, ato injustificável, o atraso.
Nervoso, porém calado, ouviu a "sentença" e não questionou.
Pouco adiantaria!
Não foi levada em consideração a sua história de bom aluno e respeitoso aos regulamentos da escola, especialmente aos seus professores, os quais o tinham com bom conceito, muito além da média entre os discentes.
Findo o episódio, no dia seguinte, lá estava ele entre os primeiros a entrar pelo portão principal da escola, ounvindo piadinhas maliciosas de seus colegas e até mesmo de alguns funcionários. E por chegar cedo, mais uma vez levou um "pito" do chefe de disciplina em tom de ameaça. "Tá vendo: quando você quer você chega no horário".
Como não lhe foi dado o direito a explicações, soube-se mais tarde que seu pai havia falecido poucos dias antes, por isso mesmo, após noites mal dormidas não conseguiu acordar no horário habitual e daí a razão do seu atraso.
Confidenciou a um amigo mais tarde, que sempre gostou muito da escola e mesmo atrasado, com o coração aflito pela perda paterna, seu desejo era correr para a escola por se tratar de um lugar que tanto amava.
Muito se falou sobre o fato, inclusive nos Conselhos de Classe, em debates nas salas de aula e até na mercearia da esquina próxima a escola.
Havia muita indignação!
De fato, deve-se questionar se a escola tem garantido um genuíno espaço democrático que se permita praticar valores, experimentá-los e propagá-los?
Estará a escola preparada para identificar abusos que podem causar danos irreparáveis tanto a discentes quanto a docentes?
Mas para quem se propõe atuar no ambiente escolar, deve-se observar aspectos fundamentais de pertencimento, integração, respeito, rejeitando-se ações unilaterais e excludentes a todos os atores do desenvolvimento do ensino já tão fragilizado.
O que dizer quando a única possibilidade de escolha está situada entre o homem que pisa ou o outro que deseja pisar?

terça-feira, 7 de junho de 2011

A MORTE DE JUSTO ALTRUISTA, UM EX-COMBATENTE BRASILEIRO

Justo Altruista, morreu reduzido a uma insignificância diante dos passivos brasileiros pacatos e desinteressados pela própria história. Justo era um dos poucos remanescentes da hercúlea jornada que foi a aventura dos "pracinhas" na Segunda Guerra Mundial.
Poucos retornaram à pátria brasileira e esses poucos ainda teriam que travar a mais vergonhosa das batalhas com o "fogo amigo", ou seja, contra o seu próprio governo, na árdua tarefa de constituir provas de que realmente estiveram em campo de batalha!
Primeiro entre poucos a correr saguão, um amigo de tempos passados ali estava a observá-lo em seu leito de morte. Altivo Alijado, serviu na mesma companhia e também chegou a Nápoles pensando estar em Cabo Frio. Na lembrança do nobre amigo, a luta pelos ideais de liberdade subindo morros e colinas, montes e castelos dia após dia sob condições desumanas como se de outro maneira poderia ser: a guerra!
Em silêncio foi enterrado ao som do canto desafinado do hino da pátria, por alguns outros presentes. Pátria que tratou de não reconhecê-lo!
O soldado Justo foi mais um número no triste descaso no trato dos nossos verdadeiros heróis, os cidadãos invisíveis!
Se ainda assim o soldado Justo teve o direito de ser enterrado em solo pátrio, não foi assim com muitos outros registrados nas cruzes de Pistóia ou mesmo sabe-se lá onde mais!
Se é popular e quase parte do imaginário coletivo que a "justiça tarda, mas não falha", vê-se sob a tutela da classe dominante um mecanismo de acomodação na busca de soluções para os inúmeros problemas por este país afora.
E a vergonha da nação pobre que Justo honrou, como fica? Esta maneira de governar, que tem o péssimo hábito de esconder os maus exemplos como em casos recentes, deixando um questionamento: até onde o poder pode corromper?
No mínimo tais abusos deveriam gerar algum impacto em nossa postura, mesmo que docilizada. Mas é mais fácil jogar a poeira para debaixo do tapete do que limpar a casa.
Esta alternativa, no entanto, Justo Altruista não teve na guerra. Sua opção foi enfrentar o inimigo de corpo e alma mesmo que em condições desfavoráveis. Nem por isso se omitiu!
Não pode haver dois pesos e duas medidas.
Onde está a dignidade da população que se cala diante de fatos tão lamentáveis?