Um poeta, certa vez, descreveu uma “Terra Azul” às crianças, tocando o coração dos jovens, acenando com a liberdade.
Sábio, fez ilimitada a luz aos adultos.
A mente incansável denunciou os abusos das ações de um Estado opressor.
O pão e o cálice ficavam adiados irremediavelmente!
Àqueles que se acovardaram, lutaste com dignidade, muitas vezes solitário, nas longínquas trincheiras de um país mergulhado nas trevas.
Nas casernas do ódio prevaleciam as botas sujas, enlameando e envergonhando os operários da democracia, implacavelmente perseguidos. Ainda assim perdoou seus algozes, ensinando-lhes a compaixão! Homem de alma grandiosa, generosa e musical!
Ópera magistral da tua simplicidade, de uma vida corajosa, destemida, visionária e confiante num país soberano.
Foste justo, verdadeiro, debruçado em livros, poético!
Tua caneta não terá sido em vão!
Para Waldyr Amaral Bedê.
Paulo Celso Magalhães - paulocelsorp@gmail.com - www.cidadaniaeinclusao.blogspot.com
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
MORRER, RESSUSCITAR E MORRER DE NOVO?
O Brasil organizará quatro grandes eventos internacionais: Os Jogos Mundiais Militares em 2011; a Copa do Mundo de Futebol em 2014, os Jogos Olímpicos de 2016 e os Jogos Para-Olímpicos na cidade do Rio de Janeiro. Sem contar a Copa das Confederações, evento este que antecede a Copa do Mundo.
Fato é que o Brasil deverá se preparar para a realização de eventos de tamanha envergadura, com planejamento, infra-estrutura e cronograma impecáveis.
Precisará impreterivelmente, promover ações e políticas públicas para a participação de milhões de crianças e jovens em programas de desenvolvimento do esporte.
Definir – ou implementar, caso este modelo que aí está atenda, um programa curricular esportivo para as escolas entre as mais altas das prioridades.
A missão não é nada fácil, se observarmos o que temos atualmente e os desafios que se apresentam: obras monumentais, prazos, integração das diversas esferas governamentais, agilidade da máquina administrativa e o combate à corrupção.
Se também aprendemos com os erros, temos pela frente uma ótima oportunidade de respondermos com competência e determinação à comunidade internacional e à população brasileira em especial, que não se trata de mais uma brincadeira de “faz-de-conta”.
Constitui-se verdadeiramente numa grande chance, talvez única, para se provar que há neste país pessoas honestas, comprometidas com a nação, que sejam capazes de liderar esse grande mutirão com competência e seriedade, exterminando, vez por todas, com o estigma que já vem de longa data, o qual nos rotula exatamente do contrário!
Se conseguirmos, ótimo!
Sob hipótese inversa, o que faremos?
Paulo Celso Magalhães
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
O CIRCO QUE NÃO ERA CIRCO
Cheguei em casa numa dessas quartas-feiras e liguei a televisão para (tentar) assistir a um jogo de futebol.
Como o jogo não estava me agradando, quase não prestava atenção ao evento.
Telefonei a um amigo distante, revi a agenda do dia seguinte, brinquei com minha filha e quando retornei à TV, lá estava o jogo!
Procurei em vão, encontrar outro programa.
Uma emissora transmitia a missa, outra um noticiário a respeito da interminável violência na cidade do Rio de Janeiro, uma outra mostrava um espetáculo de circo. Optei pelo circo! Fiquei por ali, atento e animado aguardando a sequência do “espetáculo”.
Ainda assim, nada agradava.
Voltei, por exclusiva falta de opção, ao jogo!
Por um instante, recordei um velho amigo, escritor, poeta, crítico e eventualmente (para não dizer quase sempre) embriagado, que disse certa vez, em sua soberba inteligência, que eu não sabia assistir a um jogo de futebol, e que, muito menos, entenderia do futebol, praticado atualmente nos campos por este Brasil afora. Insistia na ideia de que eu deveria acompanhar o evento (o jogo), sob um olhar mais lúdico, mais leve, mais compreensivo com aqueles pobres coitados e esforçados jogadores.
Certo ou errado, na lembrança de suas palavras –às vezes, candongas, voltei mais uma vez à telinha, um pouco ressabiado e mineiramente desconfiado!
A partir daquele instante não “arredei pé” da sala de TV nem por um instante sequer!
Minhas gargalhadas, censuradas algumas vezes, estavam a prejudicar o sagrado sono dos vizinhos, pois já era tarde da noite –os jogos de futebol às quartas-feiras começam às 22h!
Minha filha trouxe-me aos modos, primeiro pela barulhada e depois por não entender minha alegria, assistindo a um simples jogo de futebol.
Onde estaria a graça?
Mas era tão engraçado...
Diferente do canal do circo, ali sim, os artistas eram engraçados!
Usavam chuteiras de todas as cores. Realizavam piruetas e tombos espetaculares!
Muito melhor que qualquer programa de luta livre.
Alguns nem se maquiavam. Eram autênticos “caras-de-pau”. Faziam caretas divertidíssimas.
Tinha de tudo: comédia pastelão, apresentadores anunciando para um público no estádio nada esfuziante e muito reduzido. Socos, pontapés, correria no picadeiro e muitos e muitos palhaços para uma única bola. Coitada!
Cambalhotas, dancinhas e cusparadas aos montes...
Outros artistas no bizarro cenário estavam a levantar bandeiras e a soprar apito querendo organizar a festança.
Outros senhores vestidos a caráter, num calor insuportável, tentavam desesperadamente, não se sabe porque, transformar aquela comédia em alguma coisa séria.
No final do espetáculo, alguns palhaços tentaram dizer algo, tão cansados que ninguém compreendia suas palavras.
Havia também um outro artista, que confesso, não identifiquei sua função no show. Um cidadão que ficava atrás de uma linha branca gesticulando e gritando sem parar, sem que ninguém o escutasse ou se importasse.
O “respeitável público”, coitado, muito pequeno, em homenagem aos palhaços, atirava de tudo no picadeiro: pilhas, rádios, sapatos, moedas, chinelos, frutas, até uns saquinhos cheios de um líquido refrescante amarelado.
Mas faltava a cena derradeira do dono do circo, que estava ao microfone tentando explicar aquela palhaçada!
Desde então, seguindo o conselho do meu amigo, não perco mais nenhum espetáculo!
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
“É preciso entender e aceitar que o ponteiro de minutos trabalhando, na aparência, sessenta vezes menos, colha os mesmos frutos e chegue aos mesmos resultados do ponteiro de segundos”.
Citação de Dom Helder Câmara no livro Meditações do Padre José, de 1980.
Homem de diálogo eloquente pautou sua vida em uma trajetória caracterizada pela postura serena, ágil, corajosa na luta pelos menos favorecidos em especial os jovens.
Segundo o escritor Ênio Silveira, “credita-se ao autor o fato de que a justiça e a paz são estabelecidas ao fim de tortuoso caminho, de longas marchas e contramarchas em que os homens se irão depurando dos ódios, das vaidades e dos preconceitos”.
Analisando os ponteiros a que se refere Câmara, um trabalha mais do que o outro, mesmo que obtendo o mesmo desempenho.
Por outro lado, o ponteiro que não precisou se esforçar sobremaneira, para produzir com a mesma eficácia pressupõe o quanto estava mais adequadamente preparado.
E a vida segue, como um relógio! Uns trabalham mais e produzem, outros trabalham menos, mas também produzem, alguns atrasam, outros estragam e há aqueles que param simplesmente.
No Brasil, ficou famosa a Lei de Gerson -- lei de artigo único, uma bonança para se levar vantagem em tudo. Mesmo num país em que há muitas leis, dentre as quais, poucas são cumpridas, a Lei de Gerson está a desfilar de braços dados com muita gente país afora, desafiando o tempo; quanto mais velha, melhor e mais adotada, consequentemente praticada rotineiramente.
É cumprida ao “pé da letra”.
Sua versão final ficou assim: “tire proveito de tudo o que puder, pense somente em você mesmo e esqueça o resto”.
Sarcasticamente, é muito praticada no país.
Pode parecer surreal, mas esta lei pode até provocar incredulidade no leitor, pois há inúmeros eventos que a evocam nas mais diversas pautas, mas acredite, é real!
E não é por menos que os mesmos personagens que festejaram a realização dos Jogos Pan-Americanos no Rio em 2007 estão eufóricos com a realização da Copa de 2014.
Como os ponteiros do relógio do poema ou sob a mancha do aríete ou tuteladas pela Lei de Gerson, em algumas ações, o governo trabalha rápido. Se, preciso for, cria medidas provisórias, fura fila no BNDES para agilizar financiamentos, elabora pacotes de benefícios, com a perspicácia de transformar tudo isso num grande evento político.
Buscar uma razão plausível para o descaso com a educação, é a mais corriqueira das sínteses. Como um relógio velho, está jogada num canto qualquer. Seria medo?
Segundo Rubem Alves, “o medo não é uma perturbação psicológica. Ele é parte da nossa própria alma. O que é decisivo é se o medo nos faz rastejar ou se ele nos faz voar. Quem, por causa do medo, se encolhe e rasteja, vive a morte na própria vida”.
Moribundos na mesma Unidade de Terapia Intensiva encontram-se, a Educação, o Respeito, a Transparência – essa então, internada já faz tempo, a Ética, a Vergonha, entre outros. Estão todos lá, pouco visitados! Recentemente chegou uma outra paciente terminal. Por ordem médica, não poderá ter seu nome divulgado, para não criar muito constrangimento. Suspeita-se que seja a Verdade.
Para alegrar o povo e muito mais quem a organiza, vem aí mais uma Copa. E será no Brasil!
Até 2014 não se falará de outra coisa. O restante torna-se de pouca importância. Digo pouca, por ser otimista! Resta saber se os pacientes sobreviverão por tanto tempo.
Os relógios já registram a contagem regressiva para o seu início, que de fato, já começou pelo menos na falação das autoridades. E só!
O que não começou até agora é a ação que se aguarda corajosa dos governantes de tocarem no cerne de uma questão relacionada à soberania nacional: a melhoria radical da qualidade da educação no Brasil!
Mas isso passa muito longe das Copas, não é mesmo?
Paulo Celso Magalhães
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