Confesso que já tive mais orgulho de ser uma banana.
Atualmente sou um (a) banana muito triste e impaciente. Dizem que sou forte e que valho pouco, no entanto.
Sou uma má companhia na concepção de muitos.
À noite então, todos me evitam. Vivem dizendo que não sirvo para nada e que minha presença acaba trazendo problemas à saúde dos demais.
Digo que as bananas têm uma característica curiosamente rara: não desistem facilmente, mesmo quando o cacho está preto!
Vivemos sempre em famílias numerosas, com muitos irmãos e apenas um coração.
Não podemos escolher como e onde nascermos, mas se pudéssemos seríamos maçãs, sempre bem vestidas e desejadas, que se orgulham da terra natal.
Majestosas, às vezes ácidas, vivem esnobando as primas mais pobres e até se dão ao luxo de escolherem roupas de várias cores.
Desdenham da gente, pois vivem no frio, e por isso têm o privilégio da relação com gente mais bem sucedida enquanto nós vivemos no calor entre os pobres.
Em nosso país, no entanto, verdade seja dita, muitas bananas se corromperam e vivem se metendo em encrencas, falcatruas e outras situações ainda mais esdrúxulas.
Verdadeiras “bananosas” que irremediavelmente acabam em pizza, inclusive de bananas!
E com isso, a nossa (des) união gera tantas bananadas que de tão vulgares, ganham-nas de brinde aos montes.
É uma grande avacalhação com algumas poucas bananas valorosas que não se corromperam.
E assim, vamos levando a vida de mansinho, como se nada estivesse acontecendo de pior.
Para piorar vivemos penduradas, em pencas e com a fragilidade do lugar constantemente caímos e rolamos morro abaixo.
Por isso mesmo deixamos de viver na cabeça de muita gente boa.
Tornamo-nos importantes por aqui, somente no período da colheita, de quatro em quatro anos.
Depois esquecidas, apodrecemos rapidamente e aí só mesmo nos fornos com as tortas.
Mas para as colheitas vindouras sempre haverá mais bananas, algumas verdes a bem da verdade.
Dizem que os bananas e as bananas, sem distinção de sexo, ainda serão importantes.
Constantemente quem elabora e defende esses conceitos são as bananas nanicas, nossas primas.
Meus ancestrais também acreditaram há séculos, mas até hoje, nada!
Continuamos bananas desvalorizadas por que damos em qualquer lugar e para qualquer um.
Pois essa é a nossa terra: a Fazenda Bananal Tropical.
Não é à toa que muitas bananas continuam fugindo, por não concordarem com tanta desconsideração, inclusive com as bananeiras. Quando velhas são nomeadas inúteis e cortadas impiedosamente.
E tem sido assim, sempre: carregamos o fardo de que quando alguém erra, foi devido a um escorregão logo em nossa casca inútil.
E a elite das frutas, em estado de graça, sorri da nossa desgraça.
Paulo Celso Magalhães - paulocelsorp@gmail.com - www.cidadaniaeinclusao.blogspot.com
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
O REINO DAS MARITACAS
Sou aquele que sempre soube que não sabia.
Estou conformado com a corrupção por toda parte.
E por mais que se fale, tenho lá minhas convicções de que a maior verdade é a mentira descabida de todo dia.
Não me considero um paliativo nem uma metáfora, mas penso que sou.
Faço parte da nação envergonhada de tanta falácia.
Sou o que desejam que eu seja e não me importo mais.
Sinto-me reverenciado pela elite dominante por fazer parte do grupo que não decifra.
Vivo a coação moral da miséria das almas escravas.
Tenho sido uma peça rejeitada pelo sistema, constantemente eliminada pelo controle de qualidade dos poderosos.
Fui alfabetizado e até leio, mas não compreendo.
Imagino o que precisaria para ser.
Não vivi a cidadania plena ainda, e nem sei se um dia poderei desfrutá-la.
Hoje, é o passado à minha porta.
Pois tudo é feito para o futuro.
Mas o futuro não me pertence.
Sou tratado como uma raridade inútil, pois valho somente um voto.
Vivo no Reino das Maritacas, onde os políticos são eleitos pelos seus feitos em arenas e picadeiros.
Sei muito bem, como maritaquense, as consequências da guerra.
Mesmo acuado vejo-a apenas na ficção, no faz de contas.
Sinto-me próximo dos altares e ainda assim, vejo sempre a dor e o sofrimento.
Frequento, sob suspeita do poder, os leitos lacrimais. São testemunhas, em absoluta solidão, da minha maior vergonha: o descaso das autoridades com o povo maritaquense.
Meu nome é Brasilino e ainda moro por aqui, mas não sei por quanto tempo mais!
Estou conformado com a corrupção por toda parte.
E por mais que se fale, tenho lá minhas convicções de que a maior verdade é a mentira descabida de todo dia.
Não me considero um paliativo nem uma metáfora, mas penso que sou.
Faço parte da nação envergonhada de tanta falácia.
Sou o que desejam que eu seja e não me importo mais.
Sinto-me reverenciado pela elite dominante por fazer parte do grupo que não decifra.
Vivo a coação moral da miséria das almas escravas.
Tenho sido uma peça rejeitada pelo sistema, constantemente eliminada pelo controle de qualidade dos poderosos.
Fui alfabetizado e até leio, mas não compreendo.
Imagino o que precisaria para ser.
Não vivi a cidadania plena ainda, e nem sei se um dia poderei desfrutá-la.
Hoje, é o passado à minha porta.
Pois tudo é feito para o futuro.
Mas o futuro não me pertence.
Sou tratado como uma raridade inútil, pois valho somente um voto.
Vivo no Reino das Maritacas, onde os políticos são eleitos pelos seus feitos em arenas e picadeiros.
Sei muito bem, como maritaquense, as consequências da guerra.
Mesmo acuado vejo-a apenas na ficção, no faz de contas.
Sinto-me próximo dos altares e ainda assim, vejo sempre a dor e o sofrimento.
Frequento, sob suspeita do poder, os leitos lacrimais. São testemunhas, em absoluta solidão, da minha maior vergonha: o descaso das autoridades com o povo maritaquense.
Meu nome é Brasilino e ainda moro por aqui, mas não sei por quanto tempo mais!
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